sábado, 21 de dezembro de 2013

É Natal

É Natal! Toda a cidade, o país e o mundo mobilizados, afinal é hora de pensar nos festejos de fim de ano: reunir a família, comer e beber a vontade, dar e receber presentes, enfeitar a casa e as ruas...


O trabalhador tem alguns dias de férias... O vendedor tem mais trabalho... O comerciante espera, vitorioso, as vendas de fim de ano... Enquanto isso, o pobre pai de família espera ansioso por um emprego, a fim de ter décimo terceiro e férias no fim do ano que vem, comprar presentes para a família, dar trabalho ao vendedor e engordar o bolso do comerciante, cujo filho tem brinquedos de última geração, roupas de marca, computador, Internet, celular e uma babá que certamente não tem férias e dá todo o amor e carinho que seus pais resolveram terceirizar... O filho do desempregado vive na periferia, onde nem Papai Noel tem coragem de chegar, brinca com o cachorro, gado de osso, terra e pedras às margens do esgoto a céu aberto... Usa roupas que não servem mais para seus quatro irmãos mais velhos e futuramente deverá deixar para os dois irmãos mais novos. Roupas compradas num bazar beneficente promovido por alguma turma de formandos que esperam ansiosos a colação de grau e uma chance para negociar a dívida com a faculdade, ter direito ao diploma e um lugar no mercado de trabalho, para ganhar dinheiro, comprar presentes, dar mais trabalho ao vendedor e engordar o bolso do comerciante...

É Natal!... Cresce mais a economia de quem não economiza, mas também não reparte... É Natal!... De um lado, miséria, fome e crianças que já não alimentam esperanças de receber presentes do Papai Noel... De outro, luxo e desperdício, e um Papai Noel generoso que, como diz a canção, “não esquece de ninguém”, só dos pobres.

É Natal!... O aniversariante dorme na manjedoura à espera de alguém que ainda lembre o verdadeiro sentido desta data... Ele vai crescer, desafiar as autoridades, repartir e multiplicar o pão, doar-se aos pequenos e aos pobres, inclusive àqueles que já não recebem a visita do Papai Noel, será condenado à morte de cruz, vai vencê-la e ressuscitar ao terceiro dia a fim de salvar a humanidade... Está completando dois mil e treze anos, não esquece de ninguém, “seja rico, ou seja pobre”... Pena que grande parte da humanidade (ricos e pobres), já esqueceu dEle e prefere acreditar só no Papai Noel, criado e alimentado pelo comércio capitalista que é desumano e valoriza muito mais o “ ter” do que o “ser”.

“Dorme em paz oh Jesus”, porque é natal... O menino santo e pobre da manjedoura, agora dá lugar ao bom velhinho do trenó que traz presentes para uma seleta fatia da população que não tem tempo de comemorar o aniversário de alguém nascido no meio dos animais e que vive para salvar a humanidade.

É Natal!... Então, feliz Natal!!!



Confira Música do Márcio e Leandro baseada no texto acima
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